sábado, 21 de fevereiro de 2015

Não é não

Caminhando calmamente pela blogsfera, me deparei por esse texto aqui.

Quem me conhece sabe que eu sou 50% feminismo e 50% artes (no geral). Sabe que eu não suporto machismo, sabe que eu tenho um #ProtectWomenAtAllCosts tatuado no coração, sabe que eu faço tudo o que posso para desconstruir a imagem errada que as pessoas têm do feminismo. Quem me conhece sabe que eu só deixo de explicar certas coisas (que deveriam ser obvias) quando está muito cedo e eu estou mortinha de sono e preguiça.

E quem me conhece, ou que acabou de chegar e deve estar adivinhando, sabe que comentários no estilo desses do post já lincado fazem meu sangue roxo e purpurinado ferver até evaporar.


O post, para quem não quer ler, fez uma pesquisa com milhares de mulheres falando sobre assédio, cantadas indesejadas e indiscretas e esses outros problemas com os quais nós temos que lidar diariamente. Ele mostra, com ajuda de gráficos, que a maioria das mulheres (para a surpresa dos homens!) não gosta de nada disso.

Mas, como sempre, nem todo mundo soube interpretar dessa maneira.


Lendo os comentários (por que é que eu sempre faço isso?), encontrei frases como "essa pesquisa não está clara, parece ser tendenciosa", "não concordo com nenhum tipo de assédio, mas esses números parecem ter sido manipulados", "acho que tem maneiras de abordar as pessoas na rua. Acho que tem que ter muito mais cuidado, acho que tem verificar se não está encurralando a pessoa".

Gente, pera lá.

Verificar se não está encurralando a pessoa?

Desde quando "encurralar uma pessoa" é um fato que deve ser verificado? Isso é algo que deve ser percebido antes de tomar uma atitude. Você acha que sua ação vai parecer forçada, vai deixar a pessoa presa, encurralada? Então não faça nada. Se você estiver com a sensação de que está errado (a), é porque está.

A pesquisa não está clara?

Em todos os tópicos (e, eu repito: todos) foram utilizadas palavras-chave para evitar qualquer tipo de confusão. Assédio, cantadas indiscretas. Tudo foi perfeitamente montado para mostrar que há uma diferença entre flerte saudável e invasão, violação da privacidade de alguém. Se há alguma dificuldade em diferenciar os dois, então, definitivamente, algo de errado em você não está nem um pouco certo.


Uma cantada invasiva soltada por um desconhecido na rua ("gostosa", "ah, se estivesse na minha cama...", "delícia") nunca é bem-vinda. Dá uma sensação de violação, de falta de respeito. Esse tipo de coisa exige certa intimidade entre os envolvidos.

É completamente diferente de um flerte saudável, onde o cara em questão chega de forma simples puxando assunto sem soar invasivo. Quando a coisa desenrola naturalmente, a menina não se sente encabulada e não faz cara feia para suas palavras e seus gestos (ou seja: não te dá um tapa na cara quando você tenta tocá-la). Está certo.

Se ela te der um "não" na lata, é porque você chegou sem nem conversar. Chegou "já chegando". É porque está errado.


E, gente, pelo amor de (divindade aqui), não não é talvez. Não não é "sim em língua de mulher" (não acreditem nas coisas que o 9gag fala, por favor). Não é não. Não é não. Não insista, não diga que ela está fazendo charme, não a chame de metida, não tente a humilhar. Ela não vai mudar de ideia por isso. Ninguém vai.

Não, pela última vez, é não.

E se você não sabe diferenciar charme de resposta definitiva, já ultrapassou os limites do errado.


Vamos respeitar a mulher, ok? O corpo dela não é sua propriedade para chamar do que quiser e tocar como quiser. Ela não é seu objeto para ser invadida e violada quando te der vontade. Ela não é um ser que está aqui apenas para te dar prazer, filhos e roupa limpa. É um ser humano. Um ser humano incrível, lindo, magnífico, e que merece ser tratada como um ser humano.


Para ilustrar o post, deixo aqui um vídeo preciosíssimo que todos deveriam assistir, até mesmo quem não é fluente em inglês. Espero que tenham entendido a mensagem.




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Kaleidoscope of loud heartbeats under coats

Inaugurando o novo (e temporário) look do Entrelinhas com um post sem pé, cabeça ou título (o trecho de Welcome To New York foi aleatoriamente selecionado após uma meia hora encarando a tela sem saber o que fazer). 

Estou passando, de novo, por aquele período da vida que eu gosto de chamar de "ela inteirinha" em que eu não sei o que quero fazer. 

Eu leio muito. Sobre profissões, sobre cursos, sobre tudo. Vejo relatos de pessoas que trabalham na área, que estão na faculdade ou que vão entrar nela em breve e mal podem esperar. Procuro, caço, e continuo achando que nenhuma delas é para mim.

Já quis Jornalismo. Acho as matérias incríveis, e o curso parece ser maravilhoso. Mas eu não consigo me imaginar sendo jornalista. Não consigo.

Já quis Medicina. A ideia de cuidar da vida humana me dá uma emoçãozinha, me faz perceber como essa carreira é importante e como deve ser bom ser médico. Mas já faz tempo que pensar em mim na sala de cirurgia não me dá nada além de preguiça.

Já quis Medicina Veterinária. Amo animais e amo o trabalho da minha irmã (que é veterinária), certamente é algo que eu consigo me imaginar fazendo. Mas não quero tanto assim. Pelo menos, não agora, enquanto escrevo esse post. Já quis e "desquis" várias vezes durante a semana.

Já quis Psicologia, Arquitetura, Biomedicina, Design Gráfico, Desenho Industrial, Artes Cênicas, Música. Já quis muita coisa e continuo procurando loucamente, mas nada do que eu encontrei até agora parece funcionar.

Espero que seja uma fase. Espero que eu acorde daqui a alguns meses (porque não posso me dar ao luxo de esperar anos) com uma ideia incrível na cabeça e que perceba que aquele curso foi feito pra mim. Espero que eu encontre a profissão ideal que me faça ter vontade de fazer alguma coisa. Espero poder entrar aqui, no final de 2017, e contar que passei no vestibular numa posição ótima e que a contagem regressiva para ingressar na universidade já se iniciou. 

Até lá, vou "respirar fundo, contar até dez e ouvir Taylor Swift até que todos os problemas desapareçam."

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Sobre tudo estar dando certo

As coisas estão saindo bem melhor que o planejado.

Em primeiro lugar, o Universo parece estar conspirando a meu favor (!!!!!). Minha professora regente do ano passado me tirou da sala que ela tinha dito que ia me colocar (com várias amigas da outra turma) e me colocou numa turma nova, onde eu só estudei com uma pequena parcela e era amiga de pouquíssimos. Ninguém lá estava comigo durante 2014. Só gente nova, que eu já conhecia mas não tinha intimidade, e algumas figurinhas repetidas (dos tipos brilhantes e holográficas, que a gente não troca por nada nesse mundo).

Quando vi minha turma, antes de ir para a aula, pedi para mudar pra sala das minhas amigas. Achava que ficaria excluída e que detestaria a nova. Porém, foi só chegar o primeiro dia que eu percebi que não conseguiria detestar essa turma nem se me esforçasse muito. E, mais uma vez, o Universo conspirou a meu favor. Não foi possível me transferir para a outra sala.

As aulas começam de verdade depois do Carnaval, é óbvio, mas os professores já começaram a introduzir o conteúdo. Como era de esperar, não aguento mais Matemática. Até agora só revisamos coisas do ano passado, e eu descobri que continuo não entendendo nada. Perdi a aula de Sociologia e quero voltar no tempo para assistir, porque deve ter sido ótima. Em História, veremos Grécia e Roma (e o professor nos deu a liberdade de fazer o trabalho com pessoas de outras turmas, o quão incrível ele não é?). Dei uma espiada nas apostilas de Filosofia, e parece que o ano vai ser bom. A área de Humanas nunca foi tão atrativa. Mas teve uma matéria em especial que me encantou, e me fez repensar todas as decisões tomadas a respeito do meu futuro.

Eu achava que estaria morta de cansaço depois da primeira semana. Que não daria conta de tantas aulas. Que sentiria preguiça de revisar o que foi passado em sala, que não conseguiria me concentrar na fala dos professores, que não seria um bom ano escolar.
No entanto, aqui estou eu. Me esforçando para escrever um post bonitinho depois de dias sem dar as caras, quando tudo o que eu quero é estudar Biologia.